domingo, 30 de dezembro de 2012

E agora, 'José' ?


"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?" ( Carlos Drummond de Andrade )

E agora, "José" ? O ano acabou , muita gente saiu da sua vida, muita gente chegou. E agora, "José" ? Mais um ano e se foi e você vai ficar lamentando as oportunidades perdidas nos últimos 365 dias ? Ou irá focar no que estar por vir sem nenhum tipo de remorso ? E agora , "José" ? Será mesmo que precisamos de uma atitude renovadora apenas no último dia do ano , ou no primeiro do ano seguinte ? O que fará de novo para não ser um " Zé sem nome " , José ? A festa que acabou, a luz que apagou, o povo que sumiu e a noite que esfriou será a mesma em qualquer dia do ano se você continuar sendo o que é, José. Mas se pra você, " José ", a renovação tem que vir acompanhada de um novo ano, que ela venha agora.

Feliz ano novo para todos os "Josés"

Vontade



"Vontade de você, de me enroscar nos teus braços, de me embriagar com o teu cheiro, vontade de ser só de você, vontade da tua presença, vontade da tua voz, vontade do teu toque na minha pele, vontade das nossas mãos entrelaçadas, vontade da sua mordida, do beijo, do abraço quente e protetor. Vontade da gente, vontade sua, aqui, agora."

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

 Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

 Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

  Texto de: Sarah Westphal